ARTIGOS NUMISMÁTICOS

Os artigos numismáticos, elaborados por renomados numismatas e experientes colecionadores, oferecem uma fascinante imersão no mundo das moedas e cunhagens antigas ou conteporâneas. 

 

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CASA DO MARAGNON HARVEY CALDAS

Como muito empenho e esforço pessoal, a página de textos e artigos numismáticos de Harvey Spencer já se destaca como uma fonte valiosa para os entusiastas da área. Com uma paixão palpável por moedas e medalhas, Spencer compartilha seu conhecimento emergente de forma cativante, revelando os fascinantes detalhes por trás de cada peça. Seus textos refletem não apenas um entendimento sólido da história e da arte da numismática, mas também uma curiosidade inesgotável que inspira outros a explorar esse universo rico e complexo.

 

 

09 de março de 2024.

*Harvey Spencer Lima Caldas

 

 

RÉPLICAS NÃO AUTORIZADAS SÃO FALSAS E FALSAS SÃO APENAS FALSAS!

 

UNAUTHORIZED REPLICAS COINS ARE FAKE, AND FAKE IS SIMPLY FAKE!

 

 

Harvey Spencer Lima Caldas[1]

 

 

Resumo: Este artigo fornece uma análise abrangente dos aspectos técnicos, científicos e históricos que cercam a produção e detecção de moedas falsas do século passado. Discute as diferenças entre moedas restrike e falsificadas, destaca o surgimento de falsificações chinesas e o seu impacto sobre colecionadores e autoridades, e investiga os materiais e técnicas de fabricação utilizados na falsificação. Além disso, explora as marcas de autenticidade introduzidas pelos governos e os avanços nas tecnologias de detecção. Enfatizando a importância da conscientização e vigilância entre colecionadores e numismatas, o artigo destaca a necessidade de identificar e prevenir a propagação de moedas falsas.

 

Palavras chaves: Moedas falsas, Réplicas, Autenticidade, Falsificação, Técnicas de fabricação, Detecção, Tecnologias avançadas, Análise técnico-científica, Integridade e Preservação.

 

Abstract: This article provides a comprehensive analysis of the technical, scientific, and historical aspects surrounding the production and detection of counterfeit coins from the past century. It discusses the differences between restrike and counterfeit coins, highlights the emergence of Chinese counterfeits and their impact on collectors and authorities, and delves into the materials and manufacturing techniques used in counterfeiting. Additionally, it explores the authenticity marks introduced by governments and advancements in detection technologies. Emphasizing the importance of awareness and vigilance among collectors and numismatists, the article underscores the need to identify and prevent the spread of counterfeit coins.

 

Keywords: Counterfeit coins, Replicas, Authenticity, Counterfeiting, Manufacturing techniques, Detection, Advanced technologies, Technical-scientific analysis, Integrity and Preservation.

 

 

Análise Técnico-Científica das Moedas Falsificadas

 

Um fenômeno intrigante e complexo que envolve uma variedade de aspectos técnicos, científicos e históricos na fabricação de moedas falsas. Essas falsificações não apenas desafiam a autenticidade e a integridade das moedas legítimas, mas também lançam luz sobre os métodos engenhosos e as tecnologias disponíveis na época para produzir tais imitações. Inúmeras formas de burlar a lei e criar de forma criminosa réplicas perfeitas ou não de peças históricas. Neste texto, examinaremos detalhadamente alguns dos aspectos técnicos e científicos na fabricação de peças falsas e originais e como identificar moedas falsas.

 

Moedas restrike não são réplicas:

Restrike, trata-se de uma moeda que foi produzida e que tem seu cunho obtido a partir de uma peça matriz original. Existem muitas moedas restrike disponíveis aos colecionadores, mas devemos observar que elas são cunhadas sempre em ouro ou prata e são cunhadas com uma data retrospectiva pela casa da moeda original ou por um fabricante oficialmente autorizado.



 

_______________________________

[1] Bacharel em Sistemas de Informação e Presidente da Sociedade Numismática Maranhense; entusiasta e estudioso da numismática; e-mail harveycaldas@gmail.com

Observação: O autor não apoia a compra nem a fabricação de moedas falsas, ditas “réplicas”.

Recebido em 14/03/2024 – aceito em 20/04/2024

 

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Figura 1: Maria Theresa Thaler, de prata da Casa da Moeda Austríaca[1]

 

Moedas falsas contemporâneas fabricadas na China e outros países:

 

Moedas falsas fabricadas na China dito erroneamente “réplicas” são um fenômeno crescente que tem gerado preocupações entre colecionadores, numismatas e autoridades. Essas réplicas são frequentemente produzidas com a intenção de serem vendidas como itens de colecionador ou até mesmo como falsificações deliberadas, muitas vezes visando lucrar com a semelhança com moedas antigas ou raras.

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Figura 2: Moeda falsa sendo vendida na internet com nome “COPY”.

 

As moedas falsas chinesas variam em qualidade e precisão, com algumas sendo fabricadas com materiais de baixa qualidade e outras sendo produzidas com grande detalhe e acabamento, dito primeira linha. Muitas vezes, essas réplicas são comercializadas online apresentando o nome “COPY”, como forma de burlar as leis e podem ser encontradas em mercados de antiguidades, sites brasileiros ou feiras de colecionadores sem o nome “COPY[1]”.

 

No entanto, é importante ressaltar que a produção e venda de “COPY”, “SUVENIR” ou “réplicas” em si mesmas são um problema quando acabam contaminando e dando descrédito a grandes coleções. O problema surge quando essas falsas muitas vezes são vendidas de forma enganosa como moedas autênticas ou quando são utilizadas para fraudar colecionadores desavisados ou iniciantes.

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Figura 3: São vendidas em sites estrangeiros e em sites brasileiros.

 

Para os colecionadores e numismatas, é essencial estar ciente da possibilidade de encontrar réplicas de moedas chinesas no mercado e tomar as devidas precauções ao adquirir novos itens para suas coleções, sempre com orientação de catálogos e numismatas mais experientes. Além disso, as autoridades trabalham para monitorar e combater a produção e venda de falsificações de moedas correntes contemporâneas, incluindo as réplicas das antigas fabricadas na China.

 

 

 

 Materiais Utilizados na Falsificação:

 

Um dos aspectos mais significativos na produção de moedas falsificadas é a seleção dos materiais. No século passado, os falsificadores frequentemente empregavam metais de menor valor, como cobre, níquel ou ligas baratas, para imitar a aparência das moedas genuínas. No entanto, alguns falsificadores mais sofisticados recorriam a metais preciosos, como prata ou ouro, para criar réplicas mais convincentes de moedas estavam envolvidos em falsificações de suas próprias criações. A análise química desses materiais pode revelar diferenças sutis na composição que ajudam na identificação da falsificação.

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Figura 4: Material muitas vezes de baixa qualidade e artesanal.

 

Técnicas de Fabricação de moedas falsas:

 

A fabricação de moedas falsas envolve uma variedade de técnicas, desde métodos artesanais até processos industriais. Alguns falsificadores utilizavam moldes simples para fundir metais e criar moedas grosseiras, enquanto outros recorriam a técnicas de galvanoplastia¹ para revestir metais inferiores com camadas de materiais preciosos. A análise microscópica da superfície das moedas falsas pode revelar padrões de fabricação e marcas distintivas que são indicativos de processos específicos de produção.

 

“As moedas de R$ 1 são o novo alvo dos falsários. Pela primeira vez nos últimos 30 anos, a polícia apreendeu moedas brasileiras falsificadas circulando em meio às 4,7 bilhões de moedas de real.

 

A última moeda falsificada no Brasil havia sido a de Cr$ 0,50 de 1967. Na época, os falsários cunharam moedas de chumbo e as banharam em níquel para lhes dar o brilho da original”.

 

“Os falsários estão optando pelas moedas porque é menos arriscado", disse o delegado, que também é sócio da Sociedade Numismática Brasileira e autor do livro "Catálogo de Cédulas do Brasil".

 

As moedas falsas já foram encontradas no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia. Segundo o Banco Central, São Paulo é o Estado que registra a maioria das falsificações”. (GODOY, Marcelo. Moeda de R$ 1 é novo alvo de falsificador. 2020. em: 27 de julho de 1997 Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/7/27/cotidiano/8.html >Acesso em: 22 mar. 2024).

 

 

Marcas de Autenticidade:

 

Para combater a falsificação, os governos frequentemente introduziam medidas de segurança e marcas de autenticidade em suas moedas. No século passado, essas marcas incluíam gravuras intricadas, letras ou símbolos especiais, bem como características físicas únicas, como bordas serrilhadas ou relevos em alto relevo. A análise detalhada dessas marcas de autenticidade pode ajudar na distinção entre moedas genuínas e falsificadas.


 

[1] Galvanoplastia: é um processo químico ou eletroquímico em que uma fina camada de metal é empregada sobre a superfície de um objeto, metálico ou não. Revestir uma peça de níquel, temos um processo chamado de niquelação; se for com cromo, o nome será cromeação; se for com prata, prateação; com ouro, douração, e assim por diante.

 

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Avanços na Detecção:

 

Ao longo do século passado, avanços significativos foram feitos no desenvolvimento de tecnologias de detecção de moedas falsas. Métodos como a análise de densidade, espectroscopia de raios-X e técnicas de imagem avançada permitiram uma identificação mais precisa das falsificações. Além disso, o aprimoramento da expertise numismática e o estabelecimento de bancos de dados de referência também foram cruciais no combate à falsificação de moedas.

 

O Falsificador:

 

Houve casos documentados ao longo da história em que indivíduos talentosos e até mesmo profissionais altamente qualificados se envolveram na falsificação de moedas, apenas para serem eventualmente capturados pelas autoridades.  Alguns desses casos notáveis incluem:

 

William Chaloner foi um famoso falsificador de moedas britânico do século XVII. Ele é conhecido por suas habilidades excepcionais em falsificação e por suas tentativas ousadas de burlar as autoridades monetárias da época. Chaloner foi responsável por produzir uma grande quantidade de moedas falsas de alta qualidade, o que representava uma ameaça significativa para a economia britânica. Suas atividades ilegais o levaram a ser perseguido pelas autoridades e, eventualmente, ele foi capturado e condenado à morte em 1699. A história de William Chaloner é frequentemente citada como um exemplo notável da criminalidade relacionada à falsificação de moedas e das medidas draconianas que eram tomadas para combatê-la durante o período histórico em que ele viveu.

 

“Chaloner continuou acusando as autoridades monetárias de corrupção e tentou se oferecer ao Parlamento como um especialista contra falsificações. Por acaso, numa dessas suas peregrinações ao Parlamento, Chaloner foi reconhecido por Newton, que ordenou sua prisão pelo caso Egham. Preso novamente, o destino do falsário dependia do testemunho de Thomas Holloway. Mesmo preso, ele deu um jeito de resolver isso: através de um taverneiro, pagou 20 Libras a Halloway para que o comparsa se escondesse na Escócia. Sem provas, o falsário-chefe acabou solto sete semanas mais tarde.” (PINCELLI, Renato. Ordem dos Falsários: William Chaloner. 2020).

 

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Figura 6: Falsificadores de Moedas encurralados, xilogravura de Richard Brend’Amour (1831-1915). A oficina de William Chaloner deve ter sido semelhante à imaginada pelo artista alemão no séc. XIX. (PINCELLI, Renato. Ordem dos Falsários: William Chaloner. 2020)

 

“Responsável pela falsificação de moedas, papel-moeda e bilhetes de loteria, Chaloner sempre se safou acusando seus comparsas — até ser investigado por Isaac Newton.” (PINCELLI, Renato. Ordem dos Falsários: William Chaloner. 2020).  

 

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Figura 7: Isaac Newton [1]em retrato de Godfrey Kneller (1689). Alguns anos mais tarde o físico, matemático e fundador da Royal Society atuaria como investigador de falsificadores de moedas.

 

 

[1] Isaac Newton: Cientista, químico, físico, mecânico e matemático, trabalhou junto com Leibniz na elaboração do cálculo infinitesimal. Durante sua trajetória, ele descobriu várias leis da física, entre elas, a lei da gravidade.

Falsificar para sobreviver:

 

A década de 30, durante a Grande Depressão[1], a visão sobre a falsificação de moeda poderia ser diferente. Em um período de crise econômica extrema, algumas pessoas poderiam ver a falsificação como uma forma de sobrevivência ou até mesmo de protesto contra as instituições financeiras que eram vistas como responsáveis pela crise. Além disso, em um contexto de instabilidade econômica, as autoridades poderiam ter prioridades diferentes em termos de aplicação da lei, focando em questões mais urgentes ligadas à sobrevivência da população, assim gerando um derrame de grande quantidade de moedas falsas.

 

[1]Grande Depressão:  foi uma grave crise econômica mundial que ocorreu principalmente durante a década de 1930, tendo início nos Estados Unidos. Afetando inúmeros países, inclusive o Brasil.

 

 

A moeda de 2000 Réis, Duque de Caxias:

 

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Figura 8: Moeda 2000 Mil Réis de 1938, verdadeira e sua falsificação de época a esquerda. Pertencente ao acervo do autor Harvey Caldas.

 

A moeda de 2000 Réis (dois mil Réis) foi uma das mais adulteradas, no meio do colecionismo, com a finalidade de simular um bordo poligonal. Segundo (CAFFERELLI, Eugenio) as moedas de 2000 Réis de bronze-alumínio começaram a ser cunhadas em 1936, enquanto antes dessa data era utilizada a prata para as moedas daquele valor.

 

No período de 1936 a 1937 foram feitas 665.000 moedas. Todas possuíam bordo serrilhado conforme estabelecido no decreto nº 565 de 31 de dezembro de 1935:

 

“art. 3º. A orla das moedas de prata e bronze de alumínio será serrilhada e a das de Nickel, lisa”. BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto-Lei 565, de 31 de dezembro de 1935. Diário Oficial da União - Seção 1 - 6/1/1936, Página 277 (Publicação Original).

 

No ano de 1938, segundo (CAFFERELLI, Eugenio), até setembro foram cunhadas 335.000 moedas, com bordo serrilhado.

 

A emissão de moedas gerou grande reclamação do comércio e da população em geral, conforme consta no Decreto-Lei nº 695 de 15 de setembro de 1938, por ser semelhante a moeda de 1$000 Reis do mesmo metal, cunhadas desde 1922.Por isso o mencionado decreto introduziu a mudança de bordo para poligonal:

 

“art. 1º. Fica o Ministro da Fazenda autorizado a mandar cunhar o saldo de 8.000:000$000 (oito mil contos de réis) de moedas divisionárias de 2$000, a que se refere o decreto n. 565 de 31 de dezembro de 1935, obedecendo às características nele estabelecidas, exceto na parte relativa à orla, que deverá ser poligonal regular de 24 (vinte e quatro) lados ou faces lisas, em substituição à serrilha determinada no art. 3 di citado decreto n. 565. “

 

As novas moedas foram postas em circulação após o do decreto n. 695, isto é, durante o último quadrimestre de 1938 (K. Prober, em CATÁLOGO DAS MOEDAS BRASILEIRAS, 3ª edição — São Paulo 1981, pág. 171). A mudança de bordo foi certamente realizada substituindo a virola.

 

Conforme o autor CAFFERELLI, Eugenio  em correspondência com a Casa da Moeda do Brasil, que concluiu-se com a seguinte carta de 24 de novembro de 1999 daquela instituição, que transcrevo integralmente:

 

“A propósito das considerações contidas na Carta enviada em 07 de novembro de 1999, tenho a informar que nas pesquisas realizadas na Empresa não foi possível encontrar documentação oficial datada de 1937, relativa às características da produção das moedas de taxa de 2.000 réis com a efígie do Duque de Caxias.

 

Nesse sentido, a despeito de podermos afirmar que a moeda submetida a perícia foi adulterada em seu bordo de forma proposital, por agentes mecânicos, com posterior execução de pseudo traços poligonais, a falta da respectiva documentação nos impede de generalizar tal afirmativa, embora haja fortes indícios que todas as moedas cunhadas naquele ano o tenham sido com bordo serrilhado.

 

Finalmente, cumpre ressaltar que esta Diretoria se empenhou ao máximo para oferecer subsídios técnicos que ajudassem esse renomado numismata a corrigir eventuais distorções encontradas no mercado e que, se mais não foi feito, assim aconteceu por absoluta inexistência de acervo histórico/ administrativo datado daquele período.

 

 

Atenciosamente, Raul de Oliveira Pereira - Diretor Técnico”

 

Conclui-se que tais alterações foram feitas com a finalidade de mascarar as moedas para que se parecessem com moedas mais raras, assim elevando seu potencial econômico entre os colecionadores, tal adulteração hoje em dia está muito comum em moedas correntes.

 

 

As moedas de 5 cruzeiros de 1942:

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Figura 9: Moeda 5 Cruzeiros, 1942[1], verdadeira e sua falsificação de época a esquerda. Acervo do autor Harvey Caldas.

 

O nome Cruzeiro foi proposto por Américo Lobo Leite Pereira, conforme consta nos Anais do Senado Federal do Brasil, no dia 21 de setembro de 1891, em substituição ao Real, nomenclatura considerada por alguns, à época, uma herança portuguesa indesejada. A moeda de 5 cruzeiros foi emitida apenas em 1942 e 1943, sendo por isso relativamente escassa entre as moedas de tal padrão monetário. Assim, possibilitando as falsificações, mesmo que mal feitas, possibilitando a circulação em meio a pessoas menos atentas, conforme se vê hoje em dia nas moedas de mais circulação. 

 

 

 

Considerações Finais:

 

Conforme podemos observar as moedas falsas geram não só um problema cultural e histórico, mas acabam contaminando as coleções e a credibilidade de quem trabalha negociando moedas autenticas. Podemos observar que ao longo dos tempos a evolução dessa prática permeou diversos campos de estudo, e trilhou caminhos dos mais obscuros aos mais claros e objetivos nas coleções contemporâneas.

 

As moedas falsas representaram e representam não apenas uma ameaça à integridade econômica, mas também um fascinante campo de estudo técnico e científico. A análise dessas falsificações não só nos permite entender as técnicas e materiais empregados pelos falsificadores, nos ajuda a compreender fases monetárias e a história por trás delas e o mais importante que não se deve falsificar nem comprar moedas dito “replicas”, mas também nos ajuda a apreciar os esforços contínuos para proteger a autenticidade das moedas e preservar a integridade dos sistemas monetários e sua história em todo o mundo.

 

 

Imagens:

 

Figura 1: Maria Theresa Thaler, de prata da Casa da Moeda Austríaca.  Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Maria_Theresa_thaler

Figura 2: Moeda falsa sendo vendida na internet com nome “COPY” Fonte: Sites de venda da internet.

Figura 3: São vendidas em sites estrangeiros e em sites brasileiros. Fonte: Página na internet de vendas da China.

Figura 4: Material muitas vezes de baixa qualidade e artesanal. Fonte: Acervo do autor Harvey Caldas.

Figura 5: Serrilha e relevo são formas de marcas de segurança.

Figura 6: Falsificadores de Moedas encurralados, xilogravura de Richard Brend’Amour (1831-1915). Fonte: https://www.blogs.unicamp.br/hypercubic/2020/05/ordem-dos-falsarios-william-chaloner/ /> Acesso em: 22 mar. 2024.

Figura 7: Isaac Newton, em retrato de Godfrey Kneller (1689). Fonte: https://www.blogs.unicamp.br/hypercubic/2020/05/ordem-dos-falsarios-william-chaloner/ /> Acesso em: 22 mar. 2024.

Figura 8: Moeda 2000 Mil Réis de 1938, verdadeira e sua falsificação de época a esquerda. Fonte: Acervo do autor Harvey Caldas.

Figura 9: Moeda verdadeira e sua falsificação. Fonte: Acervo do autor Harvey Caldas.

 

 

Referências Bibliográficas e sites:

 

PINCELLI, Renato. Ordem dos Falsários: William Chaloner. 2020. Disponível em: < https://www.blogs.unicamp.br/hypercubic/2020/05/ordem-dos-falsarios-william-chaloner/ /> Acesso em: 22 mar. 2024.

 

BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal

 

Livros de Anais - Publicação e Documentação - Senado Federal». www.senado.leg.br. Consultado em 22 de setembro de 2024

COLIN, Oswaldo. Brasil Através da Moeda. Rio de Janeiro; Centro Cultural Banco do Brasil, 1995.

 

GODOY, Marcelo. Moeda de R$ 1 é novo alvo de falsificador. 2020. em: 27 de julho de 1997 Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/7/27/cotidiano/8.html >Acesso em: 22 mar. 2024.

 

K. Prober, em CATÁLOGO DAS MOEDAS BRASILEIRAS, 3ª edição — São Paulo 1981, pág. 171

 

 

28 de fevereiro de 2024.

*Harvey Spencer Lima Caldas

 

“Ser ou não ser, eis a questão:” (de Hamlet, falado por Hamlet)

BY WILLIAM SHAKESPEARE

 

A classificação de moedas é uma prática essencial para colecionadores e numismatas, pois permite avaliar a condição e o valor de uma peça. No entanto, é importante reconhecer que essa classificação não é uma ciência exata e pode ser afetada por uma série de fatores subjetivos. Um dos erros mais comuns na classificação de moedas é a tendência de rotulá-las como "MBC soberba", "MBC" ou "soberba", sem considerar devidamente os critérios estabelecidos para cada categoria.

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"MBC" é uma abreviação de "Muito Bem Conservada" assim não podemos subdividir em MBC “+” ou “–“, indicando que a moeda apresenta desgaste moderado, mas ainda mantém detalhes razoavelmente nítidos. Por outro lado, "Soberba" refere-se a uma moeda em estado de conservação excelente, com todos os detalhes visíveis e praticamente sem desgaste. No entanto, ao tentar classificar uma moeda como "MBC soberba" ou “MBC +”, está-se, na verdade, cometendo um equívoco, já que essas duas categorias são mutuamente exclusivas.

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Uma moeda não pode ser "MBC" e "soberba" ou “MBC +” e “MBC–“ ao mesmo tempo. Ao fazer essa classificação híbrida, está-se ignorando as nuances importantes que separam essas categorias e comprometendo a precisão da avaliação. Isso pode levar a uma má interpretação do valor real da moeda e, consequentemente, a decisões equivocadas da avaliação.

 

Para evitar esse tipo de erro, é fundamental seguir os critérios estabelecidos pelos guias de classificação numismática e, sempre que possível, recorrer à expertise de profissionais no campo. Além disso, é importante ter em mente que a condição de uma moeda pode variar dependendo de uma série de fatores, incluindo desgaste natural, danos, limpeza inadequada ou como forma de maquiar a moeda, se foi circulada e o quanto isso causou de dano, entre outros.

 

Portanto, ao classificar moedas, é essencial adotar uma abordagem criteriosa e precisa, evitando simplificações excessivas que possam comprometer a integridade da avaliação. Afinal, a correta classificação não apenas contribui para a preservação do patrimônio numismático, mas também garante transações justas e transparentes dentro do mercado de colecionismo e numismática. 

 

 

 

16 de fevereiro de 2024.

*Harvey Spencer Lima Caldas

 

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Foto cédula de 10 Cruzeiros 

 

DOM PEDRO II: Um monarca a frente do seu tempo. 

 

Um monarca a frente do seu tempo. 

 

Um monarca sempre dedicado ao progresso intelectual, à modernização do país e à promoção do bem-estar de seus súditos.

 

Dom Pedro II, nascido em 2 de dezembro de 1825, ascendeu ao trono imperial do Brasil aos 5 anos de idade, após a abdicação de seu pai, Dom Pedro I. Seu reinado foi marcado por uma série de realizações significativas, incluindo a estabilidade política do país, a promoção da educação e da ciência, e o estabelecimento de políticas de modernização e desenvolvimento.

 

Ele foi um grande entusiasta da numismática, colecionando moedas e cunhando algumas peças especiais, como os famosos "dobrões de ouro" comemorativos, que hoje são altamente valorizados por colecionadores.

 

O apreço de Dom Pedro II pela numismática foi evidente em sua extensa coleção de moedas e medalhas, que ele reunia desde a infância. Ele não apenas apreciava as peças em si, mas também reconhecia o valor histórico e cultural por trás delas, usando sua coleção como uma ferramenta para entender melhor o passado do Brasil e do mundo.

 

Dom Pedro II também se destacou como um patrono das artes e das ciências, apoiando artistas, escritores, cientistas e intelectuais. Sua visão de um Brasil moderno e culto influenciou muitas das políticas que ele implementou durante seu reinado, deixando um legado duradouro que ainda é lembrado e celebrado até os dias de hoje. 

 

*Presidente da Sociedade Numismática Maranhense, Bacharel em Sistemas de Informação.

 

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As moedas de 5000, 6400, 10.000 e 20.000 réis, em ouro, 100, 200, 400, 500, 800, 960, 1000, 1200 e 2000 Reis em prata, 10, 20, e 40 em Bronze, 80 Réis em Cobre e  50, 100, 200 Réis em Cupro-Níquel, ampliaram e diversificaram o meio circulante no Brasil. 

 

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Quando se tornou imperador, D. Pedro II viu-se preso ao cargo de maior importância do país e por esta razão, seus tutores, principalmente o segundo, Manuel Inácio de Andrade, o marquês de Itanhaém, que substituiu José Bonifácio, decidiram dar ao jovem monarca uma educação excepcional. 

 

Ao longo de seu reinado, Dom Pedro II enfrentou desafios como a Guerra do Paraguai e a questão da escravidão, mas também promoveu a construção de estradas de ferro, telégrafos e a introdução de novas tecnologias. Seu apoio às artes e às ciências contribuiu significativamente para o desenvolvimento cultural do Brasil.

 

Entretanto, em 1889, após quase 50 anos de governo, Dom Pedro II foi deposto por um golpe militar, e a monarquia foi abolida no Brasil. Ele então partiu para o exílio na Europa.

 

Apesar do exílio e da queda da monarquia, o legado de Dom Pedro II permaneceu vivo no Brasil, onde ele é lembrado como um dos líderes mais progressistas e cultos da história do país. Sua paixão pela numismática ecoa através das coleções de museus e colecionadores particulares, preservando a riqueza histórica das moedas que ele tanto apreciava.

 

Sua dedicação à educação e ao desenvolvimento científico deixou um impacto duradouro na sociedade brasileira. A criação de instituições de ensino e o estímulo à pesquisa científica foram fundamentais para o avanço do conhecimento e para a formação de uma sociedade mais instruída e capacitada.

 

Mesmo após sua morte, Dom Pedro II continua sendo uma figura emblemática da história brasileira, reverenciado por suas contribuições para o progresso do país e sua paixão pela cultura e pela ciência. Sua influência transcende as fronteiras do tempo, inspirando gerações futuras a valorizar o conhecimento, a arte e a preservação do patrimônio cultural. 

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Em 05 de dezembro de 1891 faleceu modestamente, em um hotel parisiense. 

Fonte: https://odiarioimperial.blogspot.com/2016/12/o-funeral-de-dom-pedro-ii.html